Viver está cada vez mais complicado. E não estou falando da crise econômica generalizada ou da violência das ruas. O conceito de viver a que me refiro é muito mais simples: viver a vida como ela é.
Se vamos a um show, é difícil achar alguém que não esteja com o celular na mão, gravando ou tirando fotos. Jogo de futebol? A mesma coisa: tem até jogador que leva o celular pra fazer selfie na comemoração do gol! E declaração de amor? Tem família que pouco conversa no dia a dia, mas é cada foto digna de comercial de margarina nas redes sociais que chega a impressionar! E por aí vai, exemplos não faltam…

No começo, eram as ocasiões especiais que mereciam o registro. Aos poucos, a necessidade de fazer cada momento especial transformou pratos de comida em verdadeiros eventos. E de repente estávamos todos vivendo na passarela: a cada passo, um ‘click’.
Postar nas redes sociais se tornou mais importante do que viver o momento. Fomos abduzidos pelo avatar que nós mesmos criamos. Ao invés de um grupo de amigos pra jogar conversa fora, temos centenas ou até milhares de seguidores. Ao postar uma foto, todo cuidado é pouco: tem filtros para todas as ocasiões e até sugestões de legendas prontas. Tudo para auxiliar na construção do nosso avatar, que nada mais é do que uma versão idealizada de nós mesmos.
Até aí tudo bem. Só que a vida não tem filtros e nem replay. Entre um post e outro, devemos cuidar para não perdermos os gols da vida, digo, do jogo. No mundo perfeito digno dos famosos comerciais de margarina que somos confrontados diariamente, vale tudo. Só não vale se tornar espectador de si mesmo.
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